Como eu te compreendo!!!
Gaspar não aguentou e disse o que lhe ia na alma. Gaspar pode não ser um craque da bola. Gaspar é um simples futebolista que, quis a ironia do destino, fosse central. As vezes quando o treinador acorda mal disposto, pergunta ao barbudo do Gaspar se não quer fazer uma perninha a direita, familiarizar mais com as linhas, estar mais perto da bancada, de forma a ouvir as bocas com melhor apuro auditivo. Gaspar não se importa. E lá está ele, a correr, a barrar adversários, a dar porrada, a "fazer-se a tornozelos e tendões". Mas isto não retira o direito a revolta de Gaspar. Com a cruz de Cristo ao peito (Que cruz!!!), Gaspar foi incumbido pelo todo-poderoso Jesus, o Jorge de fazer o corredor direito no jogo de hoje frente ao Benfica. No fundo era estar atento as pernas do Simão e de vez em quando, ultrapassar o meio campo para ver se o Dady estava bem. E estar mais perto do Eliseu.
Gaspar é um tosco da bola. Ninguém é perfeito. Mas imputar-lhe actos em que ele não participou, é demais. Bem, participou mas não fez nada que a lei não permitisse. O juiz Bruno Paixão, na sua magnânima missão de corromper o futebol e irritar mais quem vê a bola, não pensou assim.
Revoltado, furioso, com a barba por fazer e com o cabelo a Zé Pedro (macacos de imitação), Gaspar apareceu no flash enterview da TVI -TV do Benfica- e desabafou. Um desabado suado, ainda com ranhos a escorrer barba abaixo, todo transpirado e a cheirar a mofo. Ainda por cima, insultado pelo jornalista da ocasião. Era muito para Gaspar. Acabara de ser injustiçado, teve de ver um minorca à frente durante 90 minutos, ouviu olés das bancadas, não viu a professia de Jesus, o Jorge, ser concretizada ("Vamos ganhar à Luz"). Com tanta dor, Gaspar resolveu livrar-se da cruz (não o de Cristo, que carregam os bravos de Belém) que é imputada a todos os índios da tribo da bola, quando deslocam-se a Luz, lugar onde o Benfica Glorioso (do passado) recebe os visitantes para achincalhar a chincha.
"Aqui na Luz, quando há dúvida, é sempre contra o adversário".
Com a alma mais leve, lá partiu para os balneários para se lavar (senão não entrava em casa).
Gaspar acabara de dizer o que os outros tem medo de proferir.
Gaspar ganhou um Pulitzer pela sua liberdade de expressão.
Gaspar amigo, sou teu fã.
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