sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

A justiça desportiva em Portugal: o cúmulo do ridículo.

O treinador do FC Porto Co Adriaanse foi punido com 15 dias de suspensão pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, depois de, no jogo Naval-FCPorto a contar para a IV eliminatória da Taça de Portugal, ter contestado uma decisão do árbitro, com um simples "é falta". A mesma pena foi aplicada a Álvaro Magalhães, treinador da Naval que no mesmo jogo protestou um possível fora-de-jogo.
No ano passado o mesmo Conselho da FPF já tinha suspenso o então treianador do FC Porto pela mesma razão, ou seja, por ter dito "isto é falta", num jogo para a Taça de Portugal. Em ambos os casos para os treinadores do FC Porto, são marcas que lhes mancham o curriculo construido ao longo dos tempos onde sempre imperou o fair play. Co Adriaanse recebeu por duas vezes um prémio pelo seu fair play em campo na Holanda. Imaginem se eles tivesse dito algo do género" vais precisar de escolta policial para sair do estádio, seu ladráo da m£rd@", tipo Alex Fergusson!!! Também não é preciso ser-se radical mas estas penas não deixam de me preocupar, pelo ridiculo que eles se investem.
Com a proliferação das transmissões dos jogos pela televisão, em muitas situações assistimos a protestos de treinadores sobre decisões dos árbitros, com palavras muito mais ofensivas para com a imagem da classe da arbitragem. Na maior parte dos casos nada se fez.
Parece haver uma cabala levada a cabo pelo Conselho de Disciplina da FPF e pela Comissão Disciplinar da Liga contra o FC Porto. Podem até acusar-me de clubismo nesta visão dramática mas deixo uns dados para consulta antes do julgamento:
  • Quando Luís Filipe Vieira foi eleito presidente do Benfica, disse na altura que o mais importante não era contratar jogadores mas sim garantir lugares na Liga de Clubes.
  • Na época passada Benni McCarthy foi suspenso em vários jogos por dar cotoveladas nos adversários, alguns deles justos, outros nem por isso. Houve vários casos de jogadores que ficaram magoados por causa de choques com adversários, em que estes, ao saltarem com os braços abertros, acabavam, inadvertidamente, por atingir os adversários. Nada foi feito, nada foi aplicado já que não se tratavam de atletas do FC Porto.
  • Há três anos atrás Costinha, ao serviço do FC Porto levou um jogo de castigo por ter feito um jesto indigno de um atleta (depois de marcar um golo, levou as mãos as partes baixas, como que a dizer aos adeptos do Guimarães que o Porto tinha mais tomates). O jogo foi num domingo e na 3ª feira seguinte o atleta foi punido. Um sumaríssimo muito sumário.
  • No mes de Novembro, Nuno Gomes, jogador do Benfica, após ter visto o Braga marcar o golo da vitória no jogo com o Benfica, insinuou com um gesto, que os atletas do Sp. Braga estariam dopados. Foi-lhe instaurado um processo disciplinar, a pedido do FC Porto que se considerou parte interessada no caso, que foi concluido 58 dias depois, com o jogador a ser punido com uma multa de 450 euros.
  • O jogador Petit no decorrer desta época teve uma entrada sem bola sobre um jogador do V. Guimarães que o lesionou a altura.Foi-lhe instaurado um processo, a pedido do FC Porto, cujo desenlace final foi um jogo de suspensão para o jogador, decisão esta tomada um mês depois do ocorrido (fez-se tudo para que o castigo calhasse na Taça de Portugal).
  • Recorda-se que em ambos os casos desta época a Comissão Disciplinar da Liga só agiu a pedido do FC Porto, nunca por decisão própria.

Depois de uma leitura, não me acusem de clubismo...

A justiça desportiva em Portugal precisa imediatamente de ser revista. Mas os senhores da bola estão mais interessados em saber se o Benfica vai ser de novo campeão, se vai ganhar a Liga dos Campeões, se Pinto da Costa vai ser preso no âmbito do processo Apito Dourado, se Nuno Gomes vai continuar com a sua veia goleadora, qual o próximo craque que a dupla Veiga/Vieira vai trazer para a Luz. O resto é conversa de mau perdedor, desculpas esfarrapadas para quem não sabe perder. Digam-me quem são os batoteiros...

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