segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

Fuga para a glória ...ou o diferente sentir da pátria...


Nélson, lateral direito do Benfica, caboverdiano desde pequenino, acaba de ser chamado para representar a selecção portuguesa de sub 21, depois de concluido o seu processo de nacionalidade. É mais um jogador caboverdiano ou de origem caboverdiana que rejeita a selecção crioula em detrimento de outra. Os caboverdianos já estão habituados. É uma opção que se comprende, dadas as diferenças de visibilidade que as selecções europeias dão, quando comparadas com as africanas de Cabo Verde. Mas Eto ´o , Essiem, Drogba e outros não pensam assim e tem orgulho em representar as selecções nacionais, mesmo que isto as vezes lhe custa muito. São diferentes formas de sentir o hino nacional.
Há uma lista enorme de jogadores, muitos deles jovens, que se optassem pela selecção caboverdiana, se sentissem o pulsar do coração nos ecos do hino nacional, teríamos uma selecção de futebol capaz de bater com as melhores de África e teríamos maiores legitimidades de sonhar. Se Nani e Varela do Sporting, Manuel Fernandes e Nelson do Benfica, Rolando e Pelé do Belenenses, Furtado do CSKA Sofia (ex- FC Porto), para não falar de outros, optassem pela selecção crioula, teríamos legitmidades para sonhar com uma CAN ou quiçá, um Mundial. Nos casos de Manuel Fernandes, Nani, Varela e Pelé, comprende-se a opção. Nani nasceu em Cabo verde mas veio para Portugal quando tinha seis anos. Manuel Fernandes e Varela são filhos de caboverdianos mas nasceram em terras lusas. Mas Nélson e Rolando só vieram para Portugal já quase adultos, Rolando com 15 e Nélson com 16 anos. Mas o povo caboverdiano está habituado a ver os seus sonhos serem levados pela Lestada, pelo vento do deserto do Sahara, engolidos pela fúria do mar que nos circunda. E a ambição do caboverdiano, aliado a sua sede de sucessos, leva-o a procurar no estrangeiro, a glória inalcansável nas ilhas. Faz parte da própria natureza do caboverdiano. A emigração é parte integrante da realidade crioula e ninguém contesta a opção pelos mares além do Monte Cara.

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